Rezar no prato
Confesso que quase não me recordo de Fátima. Já lá vão imensos anos.
As ruas não transpiram. Estatelam-se de prédios cinzentos, onde um arrebite de cor é projectado pelas cortinas vermelhas de uma casa de chá, por sinal, bem convidativa.
Não apetece propriamente parar em qualquer lado. À saida, em direcção a Ourém apraz-me muito mais uma Igreja. Sozinha. Parece que menos vendida, ou menos sugada pelas multidões. Apeteceria-me muito mais aí acender uma vela. Como se de todos os pedidos, tive assim mais probabilidade de ser atendido. Do lado direito, acende-se uma loja de artesanato que vale a pena. Na porta atrás, uma placa branca alva riscada a preto: Tia Alice.
Entramos pela porta a dentro. Vazio. Branco. Descemos as escadas forradas a madeira. Vazio. Branco. Penso que estamos enganados.
Abrimos a última porta. Branco. Como quem passa para lá do espelho. E abre-se um recanto animado, de mesas ocupadas apesar da tardia hora. São 15h e é possível ainda almoçar. Uma mesa sozinha, redonda, de canto, mas encantada, no centro da pequena mas acolhedora sala, é a única especialmente livre. Perfeito.
Outra vez o pormenor dos candeeiros. Pendurados no tecto, lampadas com pano cru. Toalhas brancas, mesa bem posta. Apetece sentar. As manteigueiras dão o ponto de chá. Delicadas, mas gozonas, apresentam-nos as lendas e contos, em forma de simbolo enigmático e de algumas palavras. Compram-se na loja ao lado...
A comida desfila em redor e apetece escolher, pedir. Comer. Comer com os olhos primeiro.
Comida óptima, ambiente óptimo. Sobremesas deliciosas. 16H30 e não nos apetece levantar.
Café. Branco novamente. E porta fora.
A repetir.
Rua do Adro, 152 - Fátima
Tel. 249 531 737
Encerra domingo ao jantar e 2.ª