Janela Discreta: Chalet da Fotografia

Repousada na longínqua Golegã do sec.XIX encontramos a Casa Estúdio de Carlos Relvas, um verdadeiro templo dedicado à fotografia em Portugal.

É dificil definir quem foi Carlos Relvas. Foi aquilo a que chamaria um "homem dos mil ofícios", um verdadeiro Lenardo Da Vinci português. Foi ele responsável pela introdução de inúmeras inovações agrícolas e pela invenção de um barco que não se vira ao contrário. Foi lavrador, criador de cavalos, cavaleiro, musico, inventor... mas a sua verdadeira paixão foi a fotografia, para a qual mandou construir de raiz um verdadeiro templo, "um monumento aos precursores da fotografia e com objectivo exclusivo de acolher um laboratório e estúdio dedicados especificamente ao desenvolvimento de uma arte e que propiciaram a Relvas um local de excelência para a revelação dos seus negativos e ensaio dos novos métodos daquela disciplina simultaneamente científica e tecnológica."

A casa afigura-se magnífica vista de fora. A forma elegante e esguia, o ferro, o vermelho ocre, a vidraça. As rendas das varandas. O jardim romântico abraça-a e confere-lhe um certo encantamento de conto de fadas.

Niépce e Daguerre, os mestres citados na entrada. Acolhem-nos os tectos trabalhados, fotografias na parede em quadros e os objectos-maquinetas desgastados à arte. A escada que dá acesso ao primeiro andar, em caracol, é trançada em liana, tal e qual a dos filmes do Tarzan, como se afiança na visita.

Aguardamos na sala das visitas, onde as cadeiras antigas roçam o tempo daqueles que ali esperavam retrato, por entre as medalhas do século que em silêncio, guardam em tumúlo aquilo que as fotos da parede susurram.

A entrada no estúdio é triunfal. As vidraças monumentais, o sistema de cortinados, delicado e astucioso. As peças do cenário... deliciosas.