sábado, maio 31, 2008

Lousal

Após a típica visita ao Algarve, de tradições já por si muito perdidas na enxurrada inglesa e cada vez mais alemã, manda a minha boa tradição salpicar o último dia com um pouco de terra pura, de comida boa, num sítio a descobrir, algures pelo Alentejo e falhando desejadamente a tão cobiçada autoestrada. Sem pressas, abraço a estrada nacional sempre na volta.

Há cerca de um ano e meio, 2 anos, já a fome alertava pelas 3h da tarde e eis que senão quando uma tabuleta desenhava Lousal e, embora não inspirando almoço, fez mudar a rota. Após uma ainda longa caminhada (10 /15 min), encontra-se uma aldeia
pequenina. Sobe-se mais um pouco, e surpresa das surpresas, anunciava-se o Museu Mineiro e um restaurante enorme, que a quantidade de carros cá fora, aparecidos no meio do nada, fazia prometer. E de facto, não fosse o facto de não ter multibanco, poderia ter experienciado tal achado.

Mas não caiu no esquecimento. E mais uma vez, na volta, a visita prometida. 3h15.
Mais uma vez, ainda carros aparecidos. E desta feita, um camioneta de turismo também.
O Museu vestia agora como "Centro de Ciência Viva" ou algo similar, de muito bom aspecto.
O restaurante, como semp
re, convidativo. E neste tempo já nasceram lojas no seguimento, em casa típica alentejana, com venda de artefactos - camas em ferro, cadeiras pintadas à mão, tecidos e bordados. Um gosto ver um projecto assim.


No restaurante, a recepção foi de extrema simpatia, apesar do adiantado da hora. Um grupo de turismo ainda habitava as mesas do fundo (sendo que o restaurante é grande e de tectos muy altos). Nas restantes, ainda se almoçava também, embora já algumas mesas vazias, ainda por levantar, tal foi o zum zum do dia.
Sentar. Rapidamente chega a ementa, com pratos de nome que fazem aguar. No entanto, já só haviam 4 disponíveis, sendo que cabrito e ensopado de borrego foram os escolhidos. As entradas eram de óptima qualidade - pão guloso, queijo da região de chorar; azeitonas que não gosto, chouriço assado e outras que tais. Graças a Deus a ASAE ainda não se lembrou de lá ir.

Espera-se o prato, a fazer. Olha-se as paredes decoradas com fotos das Minas, exteriores. E as máquinas em exposição por entre algumas mesas. E fita-se o tecto e as portas altíssimas. Respira-se.
5 mulheres do grupo de turismo começam a cantar. Muito afinadamente. E de respente, sim, estamos no Alentejo e nos seus costumes.


Valeu a pena a espera. Extremamente bem servidas as doses, assim como de gosto espectacular. Houvesse estomago para mais. As sobremesas, divinais - originais e tradicionais.
É fantástico ver que este projecto soube manter na ementa a tradição no seu estado puro, e inovar em pequenos aspectos que não a diminuem. Arroz doce come-se em todo lado (talvez não com o mesmo gosto) mas as outras sobremesas, não é só mudar o nome...aprecia-se verdadeiramente o resultado. E fica-se fidelizado.

Pode contar-se comer muito, muito bem. À confiança.
E acompanhado de uma extrema simpatia e atenção das pessoas em serviço, que menos ligadas às grandes cidades, fazem do seu trabalho uma maneira de prestar homenagem a uma terra pequena e ao projecto do qual fazem parte.

Dá-me muito gozo ver o sucesso destes projectos.

Não deixem de visitar. E já agora, porque não visitar o Museu?

Armazém Central
Azinheira dos Barros Minas do Lousal - Azinheira dos Barros
Das 12:30 às 15:00.
269508400
(fecha às segundas)
www.armazemcentral.com


Especialidades:
Entradas: Linguicinha frita à nossa moda...
Peixe: Lulas à moda dos mineiros; açorda de bacalhau; migas de bacalhau; pataniscas de bacalhau; cação de alhada do Lousal; cação à comadre Fatinha; Massinha de Peixe...
Carne: Migas à Santa Bárbara; Ensopado de Borrego do Lousal; Caldeirada de borrego...
Sobremesas: Sericaia com ameixa d`Elvas; Migas Doces; Técula-Meca...


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