Porto Infante

Não é preciso procurar motivos para ir ao Porto, mas a renovação de um dos mais antigos Hoteis do Porto, gémeo do Aviz lisboeta, deu o mote. Saltou-me à vista, em destaque discreto de revista da praça, a notícia da nova decoração, com muito charme, a cargo de Paulo Lobo, sob a tutela do Grupo Lágrimas.

Ainda não estando totalmente remodelado (apenas 2 pisos), deverá garantir-se na reserva que se disporá de quarto já renovado - e surpreenda-se qualquer um (ou não) que a simpatia nortenha ainda é aquilo que sempre foi.

A fachada é discreta. Cinza, apagada.
Mas cintilam luzes por entre as vidraças, antevendo algo mais dos anos 50 neo-barrocos que prometeu.
Não existe estacionamento, mas vale o acordo do Hotel com o parque vizinho, a que gentilmente acede o porteiro, com as chaves do carro entregues.

Acolhem-nos dois cadeirões maçiços em branco, na opulência do pé direito da entrada, do mármore, das flores, e perante a tela preta dos personagens em pleno filme.

Perde-se qualquer um nas vistas da sala, deslumbrante. Nos tectos trabalhados em madeira? pintada ? a negro. Nos cadeirões pretos e brancos, nos quadros (alguns em exposição). Na lareira imensa, nas escadas trabalhadas a renda preta por onde espreita o vitral. Na sala de jantar, onde decorreria um casamento, de entrada também bordada a preto. Na janela para o jardim, alvo.

Acorda-me desta embriaguez de que nao me canso, o bagageiro, que não fez parte da renovação, abrindo as portas do elevador antigo. Um mimo.
Passaria o resto da tarde no elevador, sentada na banqueta corrida, apoiada nas almofadinhas pequenas, a subir e descer noutros tempos.


Hotel Infante Sagres
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