terça-feira, outubro 28, 2008

5

O betão da Marina de Cascais não seduz significativamente.
No entanto, o sossego é na maioria das vezes uma realidade.
Existe um cantinho óptimo para descontrair num dia de sol. Ou de chuva. Ler o jornal, um livro, enquanto a comida não vem.

Com uma
esplanada em tons de madeira, coberta e abrigada, onde as mantas enroladas em rolinhos de cores diferente espreitam da caixa colocada na entrada, o espaço torna-se convidativo e super cosy.

A comida cumpre, há refeições leves e menos leves.
Os chás gelados são caseiros e são óptimos.
Fora as horas de refeição, as tostas prometem a qualquer hora do dia. E as sobremesas, o que ainda me parece melhor (tarte maçã, coulant...).

Cinco

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Royale Hummus


De volta ao Royale.
E a experimentar a nova entrada já anunciada.
Hummus


sábado, outubro 25, 2008

Moy

Um pouco mais adiante, a loja gourmet do Princípe Real: Charcutaria Moy
Fauchon e mais fauchon na montra. Não se consegue ficar sem perceber porquê, quando se entra e se vê, se cheira e se inspira.

A placa diz "fechado". Simpaticamente, a empregada vira a chapa, e coloca "aberto".
"Entrem. Ia almoçar, mas tenho tempo." E nem perante a insitência de um "passamos mais tarde" se demoveu.
E com a uma disponibilidade e simpatia fantásticos, assim nos recebeu 2 vezes hoje.

A loja é fantástica. Os chás russos chamam-me pela esquerda da loja. Deliciosas as caixas e deliciosos os cheiros. Em fre
nte, mais caixas e caixinhas. Chás de todo o mundo que se dispõem em surpreendentes embalagens de elevado bom gosto e originalidade. A escolha não é mesmo fácil. As flores de chá, vendidas em saquinhos rosa ou pretos, com fitinhas em cetim, anuciam a mesa de chá, num bule transparante onde desabrocham.

A visita continua. Pelos cafés da Fauchon. Pelos vinhos, de escolha seleccionada. Pelos elementos de tempero, onde me saltou à vista algo como gordura de ganso (para os mais entendidos deve ser algo raro, compreendo eu). Massas, maisoneses, flor de sal, requeijão e outras muitas mais requintadas delícias. Enfim, uma selecção cuidada de tudo.

Conquistou,

French Blue Earl Grey
by Mariage Frères
(summer tea)

"Un parfum d´aventure et de poésie s´eváde à l´infini de chaque tasse de thé"
Henri Mariage





Moy
Rua D.Pedro V
Lisboa
(Abre sábados e domingos)

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Feira no Jardim do Princípe Real

Meio ao acaso, a azáfama no Jardim faz-me estacionar o carro.
Não podia ser apenas pelo mercadinho biológico.
Bancadas e bancadinhas populam o Jardim, com saberes de mão nem sempre assim tão antiga.
São deliciosos, os artefactos.

Marca presença assídua no último fim de semana de cada mês.

Porque nunca teria eu reparado na frondosa árvore no centro do jardim, amparada nas b
engalas do tempo da sua idade?

Antes disso, nada como guardar o pequeno- almoço, ou o espaço para um cafézinho e um palmier de cereais, no Moleiro, ao ínicio da Rua do Século.

Gourmet da Alta

Para os que se movem na Alta de Lisboa, anuncio a nova loja gourmet - a Mercearia da Rota.
Já não bastava a deliciosa "Rota do Pão" com o pão quentinho a sair o dia todo, a pastelaria e salgados óptimos, agora temos a Mercearia.

Abre às 10h, se não me engano, e fecha às 21h30, co
mo convém. Assim convenhamos que às 8h ninguém chega a tempo de comprar os raviolis recheados, do pão quentinho e de outro mimos que tais. Recheada de "Telhas", "Ferreirinhas" e afins, bolachas, arroz, massas, fruta, castanhas, alhos, cebolas, batatas...e um pão para torradas fantástico.

Algumas ideias para variar.







E eu só ia buscar pão.
E nem sei bem se quero arruinar a embalagem
das batatas, o mesmo talvez colocá-las numa taça em décor, quais "flores secas".

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Keppler



Dia de mudança de hotel. Junto aos Champs Elysees, a coquette Paris palpita.
Depois da Marais House, o Keppler foi literalmente a
lufada de ar fresco.

Entra-se a porta descarrila-se o pensamento no chão leve e fresco, no verniz do preto, no bom gosto e pormenor de objecto, nos jarrões, nos cadeeiros
que se avistam na sala, nos espelhos.

A ansiedade toma conta da vista, até c
hegar ao quarto que nos aguarda, encantados com o papel de parede do elevador. Entramos a porta, para um pequeno lobby onde o papel de parede vermelho escuro nos dava as boas vindas, na companhia de um espelho vertical. De mãos dadas com uma pequena sala, onde os sofás nos fitavam e mais uma vez variava o papel de parede, sede dos quadros que se arrebitavam, junto à janela que já prometia.

Volvida a pequena sala, esgueira-se o olhar pela direita, onde populavam almofadas de cor, numa cama alta e fofa para a qual só apetecia saltar e afundar. Porém, a casa de banho cobra-nos mais alguns minutos, com uma banheira enorme, soberba, um espelho com TV que nunca se usaria, e uma cabina de duche convidativa. Os sais de banho, o roupão e os chinelos convenceram a mais uma hora de total relaxamento.

Bien venue à Paris.

Lá fora o sol brilhava, como se de Verão se tratasse. Titubeiam-se os pormenores da decoração. As pessoas gostam de coisas bonitas.
Lá fora, prosta-se uma mesa de ferro. E duas
cadeiras. E uma chaise long. Desfaz-se a mala, arruma-se tudo num closet amoroso de paredes em listas vermelhas e brancas e o livro esgueira-se para uma varanda de Paris.

A rua é larga e os detalhes
arquitectónicos dos prédios em frente, francamente recuperados da antiga Paris, inspiram qualquer cenário. Como se nada pagasse até agora, uma varanda, tirada a carvão de um qualquer cenário.

À noite as pequenas mas imperdíveis salas do Hotel encantam com o detalhe de cada objecto contido. Mal me consigo concentrar na leitura, enquanto me alimento de mais umas fotos, de cada detalhe mais.


Pela amanha, o pequeno almoço é servido na cave. Soberba airosa, que de cave nada transparece
, no jogo de espelhos, plantas, mesas e cadeiras alvas, decoradas com verdura. Candeeiros transversais assinalam o charme e o bom gosto. No corredor, mais algumas peças que nos dispensam alguns segundos de singularidade.





Keppler
10, Rue K
epler
www.keppler-paris-hotel.com

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quarta-feira, outubro 22, 2008

D´Inspiration Asiatique

Se não fosse estar ao lado de um dos Hoteis mais reputados de Paris, a entrada do Budha Bar era discreta. Sóbria contudo sofisticada. Descem-se as escadas, sem orientação, desvendando o balcão onde o livro mágico das reservas se pousa. Abre-se uma escadaria, qual acesso ao salão do Titanic, versão candles in the dark. Ainda, como se costuma dizer, daqueles sítios onde só se vê gente bonita.

À meia luz, a comida asiática deslumbra e a extrema simpatia dos empregados surpreende.

Buddha-bar
8, rue Boissy d´Anglas
Tél. 01 53 05 90 00

As Flores do Trésor

Novamente na Rue du Veille Temps.
A rua do Tresor, é uma pequena enseada, que em Portugal se apelidaria de Travessa, da Rue do Veille Temps. Não passam carros. Existe uma loja muito original de artesanato, mas no sentido sofisticado do termo. "Coisas", assim se chama. E um atelier de costura, de autor. A "autora" nos seus cinquentas, cabelo apanhado loiro, com fita preta, de meias às ricas e com o vestido que mais me deliciou as vistas, andava de um lado para o outro, calmamente aterefada.
Deliciosas, ambas as lojas, mas como na maioria dos casos, proibitivas.

Em frente, duas esplanadas. Bem mais calmas que a azáfama das ruas mais centrais.
Aproveita-se a calma do espaço, ao sabor de um "foi de veu" (juro que em Paris, toda a gente ia aprender a gostar de iscas) e de um ravioli interessante. Vale a pena fazer aqui uma pausa para sustentar o estomâgo e sair da azáfama.

Trésor
Rue do Trésor
Tel. 01 42 71 35 17



Saio do Trésor, na expectativa de entrar no Forrrrr. Queria também eu um gelado em forma de flor. Deliciou-me o pormenor daquela gelataria - chocolateria, com uma decoração, simples, mas coerente e interessante. E os gelados artesanais, obras de vista. Não apetece estragar a flor.

F? a completar assim que encontrar as fotos...


O dia não chega para explorar todo o Marais. É importante deixar-mo-nos ir com a maré, ao sabor das vontades.

Anotou-se a Rue de Roses. À porta do Bar do Teathre do Cirque recordo-me do divino Pois Café.
Versão francesa, a explorar no dia seguinte.

Le "cosy" Marais

Lamento, mas as palavras que substituem "cosy" nuncam querem dizer verdadeiramente "cosy".
E a palavra para o Marais, digo eu, é "cosy".

(E sim, não posso deixar de dizer que aconselho vivamente a Marais House, como uma experiência interessantissima e não posso deixar de dizer que ficaria horas e horas, de bom grado, a ouvir o nosso anfitrião).

Bem dita madrugada, bem dita reportagem que me trouxe o Marais à ideia.

De toda a Paris, escrevendo eu isto à posteriori, o Marais é o bairro mais terra a terra, o mais surpreendente, o que parece guardar mais segredos, para desvendar e levar na bagagem.
Portanto, o mais interessante.
É o bairro judeu, o bairro do design, enfim, percebe-se claramente o porquê em cada passo.

Os prédios antigos estão cuidados, as ruas impecavelmente limpas. Adoçam-nos o olhar as lojas pintadas de fresco, coloridas. Qualquer simples retrosaria, até à patisserie mais concorrida, tem brio na sua cor, no brilho da sua entrada. Apetece fotografar todas, qual mimo. Pensa-se automaticamente em Lisboa, nos paineis de azulejos que decoram a rua dos Fanqueiros, e como tudo podia ser diferente. Faltam-nos 10?15 anos?

As cadeiras típicas, alinhadas pelo fio, espreitam em quase qualquer rua, mas de forma mais tímida que nas grandes avenidas. As ruas são estreias, onde só passa um carro. A cada esquina o díficil é escolher para onde virar. Cada olhar vê algo que nos puxa. Andamos para frente, cortamos laterias, damos a volta, voltamos a dar a volta.

Regresso à Rua do Tresor, para almoçar. E não me importa que tenha que voltar a dar uma grande volta.

segunda-feira, outubro 13, 2008

Na Cave


Acordamos sem pesadelos de elefantes, o que já não é mau. Continuo a convencer-me da singularidade da casa e de cada objecto, fruto de uma procura incessante do Yann. Mas de facto, a meia luz não ajuda, contudo, parece que a cada olhar, aparece algo novo.

Para pequeno almoçar, tinha-nos sido indicada a cave.
Descemos directamente pelo elevador. Meia luz. Depois luz nenhuma. Estranhamos.

Achamos um interruptor ao fundo e revela-se uma nova sala, uma imponente mesa de madeira, rectangular, mas larguissima ao meio. Encantada por peças em prata - a leiteira, o jarro do sumo de laranja, o açucareiro; a mesa ainda se compunha de peças em "couve", deveras parecidas com algo famoso português. Os bolos não encantam o estomâgo e acabamos por abandonar a cave, em busca d´un expresso.

Du Thé

Aceitámos o convite para um chá.
Descemos novamente pelos quase inenarráveis corredores de escadas, até ao piso 2.
O chão era de vidro, olhando com clareza o piso de baixo. As plantas abundam. Um armário imponente de madeira, sofás confortáveis, mesas, tapeçarias de parede, porcelanas e mais outros que tantos decors. Os olhos perdem-se no imenso detalhe enquanto Yann nos serve um chá, em chávenas antigas, às flores, já estratégicamente colocadas junto a cada assento.

Conta-nos que demoliu todo o interior do prédio e o reconstruiu como se de um palácio se tratasse. Conta-nos as dificuldades que teve em pô-lo de pé. Conta-nos que teve vontade de atirar o arquitecto da janela do 3º andar. Que quem salvou a obra foi o Sr. António (creio), um construtor português, que devido à crise, neste momento já está na Bélgica. Conta-nos o não comentável sobre o embaixador português. Conta-nos porque veio para o Marais. E conta-nos porque pretende dentro em breve construir uma casa similar no Chile e deixar Paris.

Este francês - americano, tem pouco do típico francês. Um homem de seus 50/60, é um crítico mordaz (no site, consta que foi Publlisher). Com um sentido de humor irónico surreal. Um aristocrata, chegado ao Conde de Paris, muito bem informado, aliás, de uma cultura geral fenomenal. Delicia-nos com as suas histórias, a sua opinião. O vendome e a mãe, os cães e grandes amigos do dono, roçam-nos as pernas em buscas de festas. Consta que adoram ter gente em casa (pudera, os fantasmas ainda não festas). Abandonamos o chá, apenas pelo cansaço da viagem.

domingo, outubro 12, 2008

Le Marais


Após uma breve semana em busca "DO" hotel para ficar em Paris, nada como às 2h da manha do dia de voo, abrir a Rotas e Destinos do mês passado onde se destacava o Marais e dar de caras com "um DOS". Um "dos tais", daqueles que têm "je ne sais qua" a mais que os outros.

Versava a reportagem sobre alguns sitíos a explorar no bairro outrora apel
idado de maldito. O bairro mais antigo da cidade e o único a não ser "recuperado" profundamente (leia-se demolido e reconstruido). Para além do Hotel do Petit Moulin (que aconselho ver o site), da autoria de Cristian Lacroix, saltou-me à vista a Maison du Marais (www.maraishouse.com). Estilo antigo, com um detalhe de morrer. As revistas de arquitectura, e outras de destaque, tinham publicado artigos sobre a excelência do lugar. O dono não revelava a morada, apenas a quem reservasse. Quatro quartos. Apenas.

Com a certeza de que seria no Marais, parti para a Marais House. O taxi pára numa rua escura, e pensaria eu que se tivesse enganado, mas a morada ditada ao taxista não deixaria margem para dúvidas. E não enganou. Nada assinala o local. Mas era ali.

Recebe-nos Yann, às 11h da noite, com uma extrema simpatia. Ensina-nos os códigos de entrada de porta em porta.
Entramos por um corredor mínusculo e escuro, com paredes bordeaux, em imitação textura de pele de avestruz. Passamos à sala, enquanto as malas são despachadas num também ele reduzido elevador. Madames et Messieurs, entrámos noutro mundo.

A decoração é minuciosa e imensa. Longas telas, tapetes de parede, muita chinoisserie, muita peça antiga, candeeiros imponentes. Iniciamos a escada
pela esquerda, que sobe até ao terceiro andar. Passamos por mesas, plantas, telas e mais telas, vasos, estátuas, nada é demais. A luz da rua não entra. A luz, é a dos candeeiros, abatjours de outros tempos. É a meia luz. Toda a casa é a meia luz. Parece tirada de um conto de fadas. A qualquer momento esperamos que se abra uma parede. Que as personagens dos quadros revirem os olhos, que as plantas nos agarrem, que surja alguém do zero. Mágico. Mas claustrofóbico.

Calha-nos o último andar. O terceiro. O "Elefante". "The most charming" dos quatro.
Recebe-nos à direita um armário grande e a
ntigo, de chave pesada, daquelas que já não se encontram. Logo depois, uma das 6 lareiras da casa, imponente e deveras antiga, ladeada por 2 sofás, uma mesa de tabuleiro oriental, vasos e vasos, e mais biblots. Duas cómodas altas, com abajtours e espelhos com moldura grossa. Peças de porcelana contrastam, sempre à meia luz. A cama é larga e fofa, muito confortável. 2 anjos guardam a nossa noite dos pesadelos dos elefantes indianos do papel de parede azul que nos cerca.

A casa de banho, com uma verdadeira banheira vitoriana, funda, onde podemos tomar banho de imersão e ficar com as costas protegidas do frio. A verdadeira particularidade reside no facto de tanto o tecto, baixo, como as laterais das paredes junto à banheira serem apenas espelhos. Existe um espaço de duche interessante, que insitiu em água fria. E candeeiros chilreantes, de meia luz, nas paredes vermelhas. Na verdade, algo aludia à selva e o cheiro a humidade tornava a realidade numa fantasia facilmente delirante.
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